Postagens populares

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Atriz Bel Kutner: “Quem tem uma pessoa autista na família, tem que pedir ajuda”



Bel Kutner. Foto: Divulgação/TV Globo
Bel Kutner. Foto: Divulgação/TV Globo
Intérprete da enfermeira Joana, de “Amor à Vida”, atriz conta como lida com o distúrbio do filho Davi e diz que ter cuidado de sua mãe, Dina Sfat, morta em 1989, ajudou na construção de sua personagem
Bel Kutner já deu vida a mais de 24 personagens em telenovelas e seriados brasileiros. E o reconhecimento veio, principalmente, de sua habilidade em interpretar papeis cômicos. Mas essa trajetória na TV mudou desde “Gabriela”, da Globo, quando Bel, que está no ar como a enfermeira Joana de “Amor à Vida”, começou a dar vida a personagens mais dramáticos.
“Há dez anos eu não me imaginava tão ‘Joana’ assim. Mas além da maternidade me transformar muito, sempre tive uma necessidade de ordem, porque eu tenho uma cabeça muito caótica, muito germiniana, de que eu posso tudo, que eu quero tudo. Hoje sou menos ‘oba oba’, mais prática.”
Bel é mãe de Davi, sete anos, diagnosticado com síndrome de esclerose tuberosa e autismo. Bel é filha da atriz Dina Sfat , que morreu em 1989 aos 50 anos, de câncer, quando ela tinha 18. Bel é também filha do ator e diretor Paulo José , que hoje enfrenta o mal de Parkinson. Bel é quem cuidou da mãe e é Bel também quem provém cuidados e carinhos ao filho e ao pai.
O histórico médico e as experiências com a família, claro, acabaram transbordando para a enfermeira Joana. “A gente sempre tenta fazer as duas mãos com a personagem. Eu aprendo muito e empresto meu conhecimento pelo assunto. Sou bem disponível para cuidar de outra pessoa, organizar remédios, até trocar as roupas se for o caso. Tem gente e que não pode ver sangue, problema que eu nunca tive.”
iG: Você sempre fez personagens mais cômicos. É muito diferente enfrentar uma personagem densa como a Joana? Isso muda alguma coisa em você?
Bel Kutner: Claro! Já foi assim quando eu vivi a Marialva, de “Gabriela”, que era muito infeliz, deprimida, bem diferente de tudo que já fiz. A Joana é uma mulher muito séria, quieta e interessante, bem diferente do meu temperamento. Então estou podendo exercitar essa contenção, que é característica dela. Eu sou bagaceira, não adianta, não sei ser contida. Quanto a interferir na minha personalidade, pelo contrário, saio de lá querendo extravasar tudo o que eu tenho direito.
iG: Na novela você vive uma enfermeira. Fora dela cuida de seu pai (que tem Parkinson há 15 anos) e cuidou de sua mãe com câncer até a morte. Todo esse histórico te ajudou na construção da Joana?
Bel Kutner: Com certeza. A gente sempre tenta fazer as duas mãos com a personagem. Aprendo muito e empresto meu conhecimento pelo assunto. A questão de medicina, saúde, de cuidar de alguém sempre me despertou muito interesse. Sou uma pessoa bem disponível para cuidar de outra pessoa, organizar remédios, até trocar as roupas se for o caso. Tem gente que não pode ver sangue, problema que eu nunca tive.
iG: Você também tem que dar uma atenção a seu filho Davi (diagnosticado com síndrome de esclerose tuberosa e autismo). Como ele está?
Bel Kutner: Pois é, ninguém aqui tem uma vida regradinha. Minha vida é muito organizada em função do trabalho e do meu filho. E eu ainda tenho um namorado maravilhoso, mas que é super atarefado e dedicado à vida profissional dele, então a gente vai dando o nosso jeito sempre. O Davi está ótimo, fofo, enorme e cheio de atividades. Já está com sete anos, falando pelos cotovelos, vivendo no tempo dele.
iG: Quais são as dificuldades de criar um filho autista?
Bel Kutner: Acho que quem tem uma pessoa autista na família tem que pedir ajuda, tem que estar com outras pessoas, porque não têm dois autistas iguais, mas têm vários pontos em comum entre eles. A família precisa muito de tratamento. As pessoas que convivem com essa doença precisam de apoio, orientação, um direcionamento e tratamento, porque têm coisas especificas que você passa. Com uma criança autista, você pode criar um mal habito que pode virar um condicionamento errado, e daí para mudar esse padrão é muito pior. O autista precisa de uma atenção dez vezes maior. É muito delicado, porque na melhor das intenções, você pode estar diminuindo a autonomia daquele indivíduo.
Bel Kutner e o filho Davi, em um passeio por um shopping center carioca. Foto: AgNews
Bel Kutner e o filho Davi, em um passeio por um shopping center carioca. Foto: AgNews
iG: E como é o dia-a-dia do Davi?
Bel Kutner: Estou com ele todos os dias, todas as horas e momentos que não estou trabalhando. Ele frequenta um curso que tem várias atividades especificas com crianças portadoras de autismo, além de ter contato com psiquiatras, psicólogos, fonoaudiólogo. Neste centro que eu vou, também tem a terapia para os pais. É um acompanhamento bom que eu faço.
iG: O autismo é abordado na novela através da persoanem da Bruna Linzmeymer. Acha que ela e o núcleo estão conseguindo passar o que acontece com as famílias que convivem com a doença?
Bel Kutner: A Bruna está perfeita e a família também. É daquele jeito mesmo: muitas crianças ficam isoladas, o que não pode. A novela vai mostrar uma coisa muito bacana, que o autista na verdade está atento a tudo, percebendo muito mais do que as pessoas imaginam, ouvindo tudo, mas não consegue muitas vezes se expressar. O que é comum são as pessoas falarem coisas na frente de crianças e até de adultos autistas, que não poderiam, alegando que eles não entendem, que não escutam, que só vão ficar prestando atenção na mão delas, nos desenhos. Isso não é verdade.
iG: Acha que a novela pode ajudar a desmistificar um pouco o assunto?
Bel Kutner: Sim, é maravilhoso e emocionante ver o assunto sendo explicado em uma novela. Acho que vai ajudar a criar uma consciência nas pessoas, mesmo quem não tem nada a ver com o assunto, de que isso existe e precisa, no mínimo, ser respeitado. Algumas situações ficam muito desagradáveis por pura ignorância das pessoas. Muitas vêm abordar de uma maneira errada, com preconceito.
iG: Pode dar um exemplo?
Bel Kutner: Ah, às vezes você está em um lugar e a criança começa a ter um ataque e você não tem o que fazer, você não deve privar, mas aí tem que escutar: ‘Essa mãe aí, toda nervosa, toda estúpida, estressada…’, ou ainda, ‘Nossa, olha essa mãe passiva, que está deixando o filho se jogar no chão’. Dependendo do que a criança tem, se os pais tentarem segurar, é pior, se tentar gritar, é pior. E o que você aconselha a uma pessoa dessa? Deixar o filho trancado em casa? É muito pior. É importante para eles terem contato com o mundo.
iG: Acha que isso é pior no Brasil?
Bel Kutner: Em países como a Inglaterra, você sai com uma melancia na cabeça que ninguém olha na sua cara. Agora, no Brasil, onde todo mundo é muito íntimo, tem um lado mais quente, que é muito bom, mas também muito ruim, as pessoas te abordam de uma maneira muito invasiva. Acho que se você vê que alguém tem alguma coisa diferente, você não precisa ficar se expressando, está claro a diferença, até porque a primeira impressão das pessoas é muitas vezes infantil. Já apontaram na cara do meu filho pra perguntar: ‘o que ele tem?’. É desagradável.
Bel Kutner e a mãe Dina Sfat
Bel Kutner e a mãe Dina Sfat
iG: “Amor à Vida” também aborda outro assunto polêmico, pelo menos para novelas brasileiras até então: os gays. O que você acha da “Cura Gay” proposta pelo pastor e deputado Marcos Feliciano?
Bel Kutner: Pelo amor de Deus! Isso só pode ser uma piada para nos distrair. No começo, fiquei com raiva, revoltada. Meu desejo é processar esse Feliciano por ofensa moral à minha pessoa. Esse cara só pode estar querendo ganhar um dinheiro, não dá para levar isso a sério. Acho um retrocesso a gente pagar para essas pessoas se reunirem para discutirem esse tipo de coisa. Ninguém pode curar uma coisa que não é uma doença, uma patologia e muito menos da conta de ninguém. Isso não é assunto de saúde. Se por um lado, no Brasil, onde eu posso sair pelada com um fiapo enfiado na bunda no meio do carnaval, que todo mundo vai achar normal, por outro, as pessoas querem se meter na sexualidade e na vida sexual das pessoas, sendo que não é da conta de ninguém. Se eu for entrar em detalhes da minha vida sexual, ela vai ser totalmente diferente da vida de outra pessoa. Pra mim sexo é coisa para se fazer, não se debater. Fui criada com muita liberdade, eu aprecio, e muito, o sexo, mas não o debate. As pessoas podem querer gostar de uma coisa hoje e amanhã mudar de ideia, sexo é gosto, desejo. Daqui a pouco esse pastor vai querer pregar que tem que existir o clube dos assexuados.
iG: Você disse que foi criada com muita liberdade. Fez muitas loucuras na vida?
Bel Kutner: Olha, do meu ponto de vista não, mas da maioria, sim. Tudo que sempre tive vontade de fazer, eu fiz. Tem gente que já me achou mega louca. O que eu posso te garantir é que eu não rasgo dinheiro e tento evitar um pouco as coisas ilegais, então está tudo certo.
iG: Qual a maior loucura que fez? Se arrepende de alguma?
Bel Kutner: Isso não vou te contar nem morta! Eu já fiz muita coisa que eu me arrependo, muita besteira. O pior crime é aquele que você é descoberto. Eu tento esquecer as besteiras que eu já fiz. Não é nada grave e eu aprendi muito com elas. Eu aprontei muito, mas quando a gente é jovem, em uma fase mais promíscua, tudo bem. Eu não fiz nada que comprometesse a minha segurança e a minha saúde.
iG: Você tem medo da morte?
Bel Kutner: Acho que ninguém está afim (de morrer). Procuro não pensar nisso, mas tento me conformar com essa ideia existente. O pior é o sofrimento, o que não quero. Não sou paranoica, nem tenho mania de doença. Com tudo que vivi, eu não penso no pior.
iG: E depois de tudo o que você viveu, sabe dizer que mulher é hoje?
Bel Kutner: É difícil eu te dizer como eu era antes do nascimento do Davi, por exemplo, mas mudei muito, totalmente. Ninguém que passa por certas situações, consegue não mudar. Hoje sou uma pessoa mais aberta em todos os sentidos. Minha cabeça mudou muito e meu emocional endureceu, a ponto de eu ser menos chorona e emotiva. Hoje eu me comovo de outra maneira.
Fonte: Gente

Americana cega lança livro de receitas e estimula debate sobre cozinhar sem enxergar



Christine Ha faz um preparo para empanar frangos na semifinal do reality show "MasterChef", exibido no ano passado
Christine Ha faz um preparo para empanar frangos na semifinal do reality show “MasterChef”, exibido no ano passado
“Você é mesmo cega?”, pergunta o chef Gordon Ramsay, que acumulou 11 estrelas no guia “Michelin”, à americana de ascendência vietnamita Christine Ha, 33.
O apresentador do “Masterchef”, reality show com cozinheiros amadores, estava diante de um ceviche de caranguejo que Christine preparara na terceira edição do programa. Um ceviche, nas palavras de Ramsay, temido pela verborragia pouco elogiosa, “visualmente deslumbrante”.
Pois, em setembro do ano passado, ela (a única cega!) desbancou outros 17 cozinheiros e venceu o “MasterChef”, que foi ao ar nos EUA. Ainda não há previsão para ser transmitido no Brasil.
Fazia parte do prêmio, somado a um valor equivalente a R$ 560 mil, a publicação de um livro. “Recipes from My Home Kitchen: Asian and American Comfort Food” (receitas de casa: “comfort food” asiática e americana) acaba de chegar às livrarias dos Estados Unidos.
lançamento estimula o debate sobre o desafio que é cozinhar -cortar ingredientes, usar o fogão, montar pratos bonitos- sem um dos sentidos.
Para desvendar esse desafio, a reportagem entrevistou Christine Ha e acompanhou dois deficientes visuais na cozinha, clientes da Fundação Dorina Nowill para Cegos.
A musicoterapeuta Helena D’Angelo, 29, que você vê na foto acima, cozinhava quando criança e quis manter o hobby depois de perder a visão, aos 13 anos.
A delicadeza, até lentidão de movimentos, não escondem sua desenvoltura entre panelas, facas e o fogão. “Pelo olfato, sei se o tomate no molho está cru. E brinco que um bolo assando tem três cheiros -o mais gostoso é o dele pronto”, diz.
A musicoterapeuta Helena D'Angelo manipula alimentos na cozinha Dedo de Moça, em São Paulo
A musicoterapeuta Helena D’Angelo manipula alimentos na cozinha Dedo de Moça, em São Paulo
COZINHA DE SENTIDOS
“Escuto as bolhas na água para saber se ela ferveu; sinto o perfume do alho antes de ele queimar; toco a carne para saber se está crua, crestada ou ao ponto.”
É com essa espécie de passeio pelos sentidos que Christine Ha responde à pergunta de quais táticasdesenvolveu para cozinhar sem poder enxergar.
A americana começou a se aventurar entre panelas e talheres quando ainda enxergava e morava sozinha, durante a faculdade.
Era um modo de tentar recuperar os temperos e sabores asiáticos da mãe, imigrante vietnamita no Texas (EUA), com mão boa para a cozinha -ela morreu quando Christine tinha 14 anos, e não deixou receitas escritas.
Uma doença autoimune, que em 1999 a deixou cega (ela enxerga como se houvesse uma grossa nuvem de vapor à frente), não interrompeu essa procura.
Daí, como conta à Folha, Christine valoriza tanto a “comfort food”.
Depois de surpreender os espectadores ao vencer o reality show “MasterChef”, ela lançou no mês passado seu livro de receitas asiáticas. A seguir, leia trechos da entrevista.
Folha – Você tinha visão perfeita quando aprendeu a cozinhar. De que sente falta hoje?
Christine Ha – De ver os ingredientes -seu frescor, suas cores vibrantes. Há ingredientes com os quais eu não tinha mexido até perder a visão; jamais saberei como é trabalhar com eles.
Quais?
O uni (ouriço-do-mar), por exemplo. Isso vale também para técnicas -eu não estava habituada a filetar peixes.
Você apurou outros sentidos depois que ficou cega?
Agora, mais do que antes, os uso mais. Mas o mais importante é o paladar -ele me ajuda a desvendar texturas e temperatura.
Sabores e aromas da sua infância foram potencializados?
Eles ainda me trazem memórias de quando eu podia enxergar. E muitas vezes são ainda mais intensos, sim.
No programa, a apresentação dos pratos é fundamental. Como alcançar isso?
Em casa isso não importa, mas, se estou servindo outras pessoas -amigos ou os jurados do programa-, confio na memória: posso lembrar de como cores se parecem, o contraste entre elas; sinto as coisas com a mão e as visualizo mentalmente.
Como você lida com os perigos da cozinha, como facas e fogo?
Sou cautelosa, meticulosa, me mexo mais devagar. Prefiro ser lenta e segura do que afobada e machucada.
Você achava que poderia vencer o programa, apesar da deficiência?
Eu não pensava nisso, nem me importava. Preocupava-me mais com a jornada do que com seu resultado. Estava lá para aprender e ser a melhor no que pudesse, apesar de minhas limitações.
Você parece ter se especializado em “comfort food”. Como define essa cozinha?
É a comida que dá nostalgia, que invoca emoções e faz de algo simples, como comer, uma experiência transformadora. Eu levo minhas memórias para a cozinha. O livro é minha maneira de dividir esse meu mundo com os outros.
RECIPES FROM MY HOME KITCHEN
AUTORA Christine Ha
EDITORA Rodale Books
QUANTO US$ 23,99 (cerca de R$ 54), na Amazon.com (224 págs.)
Fonte: Folha de S. Paulo

Cadeira de rodas: cuidados ao comprar

É importante escolher corretamente a cadeira de rodas na hora de comprar. A escolha incorreta desse dispositivo de mobilidade pode custar caro e também prejudicar a saúde e a independência do indivíduo. Veja os cuidados ao comprar cadeira de rodas.
Cadeira de rodas
As cadeiras de rodas leves são muito úteis, pois oferecem grandes benefícios e tornam as tarefas dos usuários mais rápidas, fáceis e divertidas. O principal objetivo dessas cadeiras é favorecer a mobilidade. Esses produtos fazem exatamente isso, oferecendo mais mobilidade e conforto ao utilizador. Elas possuem peso entre 9 e 14 kg, sendo mais fáceis de serem transportadas e manuseadas do que as tradicionais, que pesam em torno de 20 kg.
conforto é outro elemento essencial para quem utiliza esse meio de transporte. As mais leves oferecem mais conforto sempre. Além disso, podem ser inseridas almofadas ao assento e aos descansos para as pernas. Elas podem conter porta copos e prateleiras para colo, respondendo às necessidades de cada usuário.
As cadeiras de rodas devem ser escolhidas corretamente. (Foto: divulgação)
As cadeiras de rodas devem ser escolhidas corretamente. (Foto: divulgação)
Cuidados ao comprar cadeira de rodas
As crianças que não desenvolvem habilidades posturais adequadas devem ser levadas para fazer uma avaliação de prescrição para uso de um sistema especial com finalidade de posicioná-las adequadamente. Esse sistema é munido de suportes que facilitam o sentar, contribuindo para o desenvolvimento do controle da cabeça, do tronco e da prática de movimentos e manipulação de objetos.
A mobilidade com qualidade é um ponto muito importante ao adquirir o equipamento, pois pode aumentar o autocontrole e o envolvimento do individuo em ocupações. Além disso, a aparência também é essencial para a autoestima, bem-estar e participação social do cadeirante.
Existem alguns modelos de cadeira de rodas que não podem permanecer em locais úmidos, como as movidas a baterias. No caso dessas, é preciso ter um cuidado especial com o equipamento, estar atento sobre a carga da bateria e troca-la quando necessário.
É recomendável que um terapeuta ocupacional atenda o cadeirante e analise quais são as melhores condições de adaptação da cadeira de rodas, de acordo com as necessidades de utilizador.
A cadeira de rodas deve proporcionar conforto e segurança para o indivíduo. (Foto: divulgação)
A cadeira de rodas deve proporcionar conforto e segurança para o indivíduo. (Foto: divulgação)
A cadeira de rodas é um acessório de grande utilidade para pessoas incapazes de se locomoverem com as próprias pernas. Por isso, elas devem ser escolhidas corretamente para garantir o conforto e a facilidade de locomoção dos utilizadores. É importante ter a orientação de um médico e um terapeuta ocupacional para avaliar o caso e ajudar na escolha da cadeira de rodas ideal.
A categoria Saúde do portal Mundodastribos.com é um espaço informativo de divulgação e educação sobre os temas relacionados à saúde, nutrição e bem-estar, não devendo ser utilizado como substituto ao diagnóstico médico ou tratamento, sem antes consultar um profissional de saúde.

Autoridades debatem acesso de pessoas com deficiência nos estádios da Copa de 2014

Houve reformas, gastou-se tanto dinheiro e os estádios da Copa do Mundo ainda não estão preparados para receber pessoas com deficiência?? É isso mesmo?? (Nota: Deficiente Ciente)
As ações de acessibilidade de pessoas com deficiência aos estádios que sediarão os jogos da Copa do Mundo de 2014 foram debatidas, hoje (27), na reunião do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Conade), que acontece em Brasília (DF). Os conselheiros estaduais e do Distrito Federal apontaram uma série de medidas positivas adotadas durante a Copa das Confederações e outras que precisam melhorar para o Mundial de 2014.
Das cidades que sediaram os jogos da Copa das Confederações estava o representante da Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa) de Belo Horizonte (MG), Otávio Góes. Ele destacou que o Estádio Minerão tem dez elevadores especificamente para transportar essas pessoas. “A ideia é atender cada vez melhor tanto a essas pessoas quanto a população em geral”, disse.
No entanto, Otávio Góes está preocupado com a distribuição dos assentos especiais para facilitar a saída dos deficientes, do Mineirão, em caso de emergência. “Não adianta arranjar o caminho para chegar ao local se a pessoa deficiente não conseguir sair em um momento de desespero”, acrescentou ele. A arena também possui cadeiras mais largas para pessoas obesas.
No Distrito Federal, foi montado no Estádio Nacional Mané Garrincha, um ponto de referência para as pessoas com deficiência. Mas, de acordo com o subsecretário de Promoção dos Direitos de Pessoas com Deficiência, César de Melo, faltou o trabalho de tradução em libras e cardápio em braile nos bares e restaurantes. “Ainda não conseguimos, mas queremos aplicar esses acessos na Copa de 2014”, frisou ele.
Melo ressaltou que o ponto de referência deve ser aplicado em todas as cidades-sede do Mundial. “Temos a necessidade de dialogar com a Federação Internacional de Futebol (Fifa) para que, em todos os estádios, sejam aplicados pontos de referência para pessoas especiais”. O subsecretário disse que voluntários receberam treinamento para atender a essas pessoas.
Sobre a preparação das cidades-sede para a Copa do Mundo, o coordenador da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, Vanilton Senatore, destacou que há um trabalho intenso na rede de hotéis e restaurantes para receber adequadamente “não só visitantes estrangeiros, como brasileiros, muitos com deficiência, que vão se deslocar para a Copa”.
Fonte: Agência Brasil
Edição: Marcos Chagas
Todo o conteúdo deste site está publicado sob a Licença Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil. Para reproduzir o material é necessário apenas dar crédito à Agência Brasil

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Os desafios de Incluir sem excluir

Por Roberta Vieira de Vargas*
RESUMO
O presente trabalho decorre de reflexões feitas sobre a inclusão de alunos com NEE (Necessidades Educacionais Especiais). O objetivo foi analisar a situação atual dos NEEs nas instituições de ensino, as reais dificuldades, o papel da família e a receptividade por parte dos professores. A exploração deste assunto sugeriu que tanto a escola, quanto a família deparam-se com problemas que iniciam na inserção do aluno com NEE, a receptividade por parte dos colegas e professor e a adequação do currículo que atenda as expectativas tanto do NEE quanto da escola a fim de que possa destacar as potencialidades no lugar das dificuldades. Isto se dará através de um conjunto de fatores que venham a contribuir com o processo de inclusão de todos e não resulte para a exclusão dos demais alunos que participam do processo.
INTRODUÇÃO
Aluno cadeirante em sala de aulaNo presente artigo, aborda-se o processo de inclusão de alunos com NEE (Necessidades Educativas Especiais) orgânicos e permanentes, nas escolas regulares e o desafio de da mesma forma não reverter-se num processo de exclusão, partindo do pressuposto de que o modo como o NEE é inserido nas turmas de classes regulares implica no resultado desta aprendizagem.
Considerando o fato de este ser recebido como um dependente diferente ou incapaz visto pelos demais como alguém que precisa ser atendido de forma especial, é preciso que haja um cuidado para que os outros envolvidos no processo sejam cooperativos e entendam seu papel social.
A possibilidade da inclusão é a oportunidade de mudar atitudes, pois é só quando nos deparamos com nossos próprios limites que vemos o quanto é importante buscar alternativas para configurar de forma adequada uma educação inclusiva de qualidade.
Só ocorrerá uma educação inclusiva verdadeiramente comprometida global na estrutura e funcionamento das instituições inclusivas, porque denominar-se inclusiva não basta para ser de fato.
Somos diferentes, pensamos diferentes, agimos de modo diferente, sentimos diferente.
E tudo isso porque vivemos e aprendemos de forma diferente, cada um tem uma visão de mundo própria e com um significado que é fruto de suas associações.
Então, o que ‘serve’ para alguns, não significa que deve servir para todos.
Muitos fatores estão envolvidos nessa mudança, entre eles a afetividade, o desenvolvimento das potencialidades e a transformação de alguns conceitos.
Para fins de entendimento serão usados os termos NEE (Necessidades Educativas Especiais).
1. ASPECTOS LEGAIS DA INCLUSÃO
1.1. O que diz a Constituição Federal?
A nossa Constituição Federal elegeu como fundamentos da República a cidadania e a dignidade da pessoa humana (art. 1º, inc. II e III), e como um dos seus objetivos fundamentais a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (art. 3º, inc. IV).
1.2. A LDBEN, a Educação Especial e o Atendimento Educacional Especializado.
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDBEN (art. 58 e seguintes), o atendimento educacional especializado será feito em classes, escolas, ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns do ensino regular (art. 59, ß 2º).
1.3. A LDBEN e as inovações trazidas pelo Decreto 3.956/2001 (Convenção da Guatemala)
Posterior a LDBEN, surgiu uma nova legislação, que como toda lei nova, revoga as disposições anteriores que lhes são contrárias ou complementa eventuais omissões. Trata-se da Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação, contra a Pessoa Portadora de Deficiência, celebrada na Guatemala.
A Convenção da Guatemala deixa clara a impossibilidade de tratamento desigual com base na deficiência, definindo a discriminação como toda
diferenciação, exclusão ou restrição, baseada em deficiência, antecedente de deficiência, conseqüência de deficiência anterior ou percepção de deficiência presente ou passada, que tenha o efeito ou propósito de impedir ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício por parte das pessoas portadoras de deficiência de seus direitos humanos e suas liberdades fundamentais (art. 1º, nº 2, ‘’a’’).
1.4. A declaração de Salamanca
Princípio fundamental da escola inclusiva é o de que todas as crianças devem aprender juntas, sempre que possível, independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenças que elas possam ter. Escolas inclusivas devem reconhecer e responder às necessidades diversas de seus alunos, acomodando ambos os estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade a todos através de um currículo apropriado, arranjos organizacionais, estratégias de ensino, uso de recurso e parceria com as comunidades. Na verdade, deveria existir uma continuidade de serviços e apoio proporcional ao contínuo de necessidades especiais encontradas dentro da escola.
2. O PAPEL DA AFETIVIDADE NO PROCESSO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
A primeira reação de um pai ao receber a notícia de que seu filho é uma criança especial é: “Por que comigo?”, não diferente do professor; ‘O que faço agora?’’
Para a família que recebeu a missão de educar e proteger esse sujeito com NEE, segundo STOBAÜS (2004)² é preciso que seja mostrado o lado sadio.
A escola e a família sabem que agora seu papel é fundamental e que a parceria é muito importante. O apoio aos pais e professores por outros profissionais é indispensável, mas há um fator ainda mais importante: a afetividade.
O aluno com NEE necessita ser acima de tudo respeitado, aceito e ter acesso aos mesmos materiais que os demais sem nunca deixar de ser recebido tanto pelos colegas, professores e funcionários de maneira afetiva, sem deixar de colocá-lo a par das regras de funcionamento da instituição. Ser um portador de NEE, não significa ter privilégios e para que ele sinta-se realmente incluído ele deve perceber que tem as mesmas responsabilidades que os demais colegas.
Já o papel do professor não é de ser um facilitador, mas um mediador da aprendizagem, apontar caminhos e fomentar o espírito investigativo em seus alunos, a fim de que este busque por seus próprios meios e tentativas solucionar seus problemas e acreditar que tem condições dentro de suas potencialidades de participar efetivamente do funcionamento da escola e do processo de construção do conhecimento.
Um número significativo de alunos com dificuldades de aprendizagem apresentam também, dificuldades emocionais, sociais e de conduta. Por esta razão devem ser considerados aspectos emocionais, afetivos e relações sociais. A inquietação e a distração são apenas algumas manifestações observadas pelos alunos de diferentes faixas etárias, como uma maneira de chamar atenção para si, sendo que nas crianças com NEE como já se caracterizam por necessitarem de atenção diferenciada e por estarem mais vulneráveis à consideração negativa dos colegas, desempenham um papel importante nas dificuldades gerais de aprendizagem e no rendimento.
Nesse processo em que o objetivo é construir uma aprendizagem efetiva entre educandos com dificuldades de aprendizagem e aqueles que não apresentam é importante levar em conta a influência da família e da escola.
Concordamos com ³COLL (2004), uma vez desencadeado o processo, devemos pensar que se inicia um círculo sistêmico na qual cada efeito se converte e se potencializa no outro.
Embora haja sérias discussões, a falta de um vínculo afetivo ou a falta de uma figura de apego, segundo alguns autores, não é possível um desenvolvimento emocional e social.
Todo aluno espera encontrar na escola um ambiente acolhedor, uma figura positiva e que seu sucesso venha através de algum esforço, para que seja realmente válido. A criança com NEE tem dificuldade em conviver com críticas, são vítimas de suas próprias expectativas, precisam ser valorizados e ouvidos, compartilhando uma visão positiva do ser humano e de suas habilidades.
A instituição tem que incluir, sustentar, acompanhar, apoiar, enriquecer e oferecer tudo o que essa pessoa necessita em sua singularidade para ter êxito no objetivo educativo de integrar.
Na sociedade atual onde predomina a competição e o egoísmo, valores que tornam mais difícil a aceitação de quem tem dificuldade, e até de quem não têm o fator da empatia e o de colocar-se no lugar do outro, são fundamentais para o fortalecimento da auto-estima do aluno.
A primeira coisa que deve ser trabalhada no sujeito com NEE é a aceitação de sua própria imagem. Ninguém é feliz se não for admirado e respeitado.
Visto por este ângulo, tanto os alunos incluídos com NEE e os demais, devem sentir-se acolhidos e importantes no processo, a fim destes se tornarem participantes trabalhando como uma equipe em busca de um objetivo.
Essa busca pela inclusão de todos é uma luta contínua, onde os que estão sendo incluídos devem sentir-se integrados e os demais não têm que sentirem-se excluídos e devem ser “olhados” da mesma forma.
3. DESTACAR POTENCIALIDADES FRENTE ÀS DIFICULDADES
O significado de potencial que consta nos dicionários4 nos diz que é tornar potente; reforçar; possível; disponibilidade, possibilidade; virtualidade.
Considerando essa afirmação, nada é mais significativo tanto para portadores de NEE ou não, que sejam destacados pelo seu potencial e não pelas dificuldades que enfrentam. Fazer predominar suas qualidades, sejam elas quais forem, torna o processo educativo válido para esses educandos.
A inclusão na prática não precisa somente ser entendida e aceita por todos, mas valorizada em sua diversidade.
Não bastam espaços físicos adequados, currículo adaptado, professores bem preparados, equipe multidisciplinar, se não forem respeitados em suas ‘potencialidades’. Tanto os NEE com comprometimento físico ou cognitivo precisam de um atendimento que destaque aquilo que trazem de melhor.
Relato de experiências com NEE incluídos nos certifica que todos têm algo de especial, como vivem o tempo todo tentando provar aos outros de suas capacidades, demonstram uma preocupação com resultados que contribuam para sua aceitação no grupo.
Mas como essas pessoas fazem para destacarem-se no grupo? Segundo MALLUF(2007)5: A inclusão é um processo em que o principal objetivo é encontrar as melhores situações para que cada aluno se desenvolva dentro de suas potencialidades.
Podemos concluir que o pleno desenvolvimento ou não das potencialidades que caracterizam o ser humano vai depender da qualidade das relações sociais desse meio no qual está inserido.
A escola para a maioria dos alunos com NEE é às vezes a única atividade social que ele participa principalmente os que se incluem nas classes mais baixas, e é neste lugar que ele precisa ser envolvido nesse ambiente de tal maneira que se sinta integrante e não apenas um ser incluído numa escola e atendido com qualidade.
A escola inclusiva é aquela que é para todos, implica num sistema que reconheça e atenda as individualidades, respeite as necessidades de cada um, e de qualquer um, mesmo daqueles que não apresentam nenhum tipo de limitação.
Muitos desses alunos enfrentam dificuldades de locomoção, alimentação e atendimento médico, esperam muito tempo para serem atendidos ou realizar exames.
Alunos com NEE com comprometimento físico, geralmente são os mais prejudicados, pois precisam mostrar que ter um problema físico não significa que tenha um atraso cognitivo ou vice-versa.
Ouvimos um relato de uma colega educadora certa vez, que gostaria de desenvolver mais trabalhos de artes como recortes ou colagens com seus alunos, mas tinha receio de provocar um mal-estar em seu aluno que tinha paralisia nos braços. Realmente, muitas vezes nos deparamos com este tipo de indagação.
Como proporcionar atividades que todos participem? Inclusive os alunos com dificuldades físicas ou cognitivas?
O ideal, já que falamos em inclusão é mobilizar todos os colegas, para um trabalho em equipe.
Não que os colegas realizem o trabalho por eles, mas que os orientem de maneira que estes encontrem o melhor jeito de o fazerem.
Todo sujeito tem um dom, há aqueles que não se saem muito bem nas tarefas que exigem mais coordenação motora, mas têm muita facilidade nas atividades de raciocínio, e outros o contrário.
Nós, professores, pecamos muitas vezes em não tentar, pelo menos, desafios, menosprezando a capacidade de nossos alunos ditos “normais ‘‘, quiçá com os NEE”!
Com certeza, estes esperam ser desafiados, para nos mostrar seu potencial, suas capacidades e quem sabe nos surpreender com os resultados.
Na realidade, todos nós precisamos provar a nós mesmos do que somos capazes, mesmo inconscientemente, o fazemos, é tão inata ao ser-humano essa busca pelo reconhecimento, que se torna natural, uma vez que cada um traz uma genética própria, temos habilidades complexas, atitudes tão pessoais, que resultam em um conjunto de ações que determinam do que realmente somos capazes.
Que possamos ser seres potenciais, sejamos anormais, mas sejamos humanos no sentido de solidários!
4. INCLUSÃO OU INTEGRAÇÃO?
Confunde-se inclusão com integração, um aluno inserido numa classe regular que não interage com os demais colegas, está somente integrado em uma escola que se diz inclusiva, mas, que não proporciona condições para a melhoria da educação em geral.
Há uma ilusão a respeito da inclusão. A sociedade exclui para incluir e esta transmutação é condição da ordem desigual, o que implica o caráter ilusório da inclusão. O acesso de alunos com necessidades educacionais especiais no ensino regular é admitido àqueles que:
(…) possuem condições de acompanhar as atividades curriculares programadas do ensino comum, no mesmo ritmo que os alunos ditos normais. (MEC, 1994: p.19)
Inclusão e integração têm significados parecidos, filosofias diferentes, mas, objetivo semelhante.
Uma verdadeira inclusão exige rupturas em seu sistema e envolvem todos os excluídos, a integração pede concessões e seleciona somente indivíduos excluídos aptos.
Segundo SASSAKI:
“Inclusão social é o processo pelo qual a sociedade e o portador de deficiência procuram adaptar-se mutuamente tendo em vista a equiparação de oportunidades e, consequentemente, uma sociedade para todos”.
(Sassaki, 1999, p. 167).
A inclusão beneficia todas as pessoas e não só as com deficiência, porque a verdadeira inclusão é para todos e não só para os excluídos que provarem estar aptos.
Entende-se que a escola precisa re-significar suas funções políticas, sociais e pedagógicas, adequando seus espaços físicos, melhorando as condições materiais de trabalho de todos os que nela atuam, aprimorando suas ações para garantir a aprendizagem, buscando atender as necessidades de qualquer educando, sem discriminação. As equipes devem trabalhar interdisciplinarmente, o espaço deve ser adequado (para que crianças portadoras de paralisia cerebral ou qualquer outra delimitação que necessite de cadeira de rodas, possam se locomover com autonomia), que os tempos de elaboração e apropriação dos conteúdos sejam diferenciados e que as modalidades de assimilação de aprendizagem tenham compassos diferentes.
Todos envolvidos no processo educativo necessitam da mesma atenção, alguns precisam de um olhar mais atento, mas não mais importante do que os demais.
4.1 RESISTÊNCIAS EM RELAÇÃO À INCLUSÃO
Tudo aquilo que soa como novidade é um processo lento e sofrido, mas não quer dizer, que seu resultado não será positivo.
Ao analisarmos as resistências, deve-se examiná-las a partir da argumentação daqueles que resistem.
Ex: Quando um professor diz:- “Não quero esse aluno na minha sala”! ’’, podemos interpretar sua recusa como má vontade, recusa medo, negação em
Colaborar… Ou como o desejo de contribuir para o sucesso da aprendizagem do aluno, para o qual se sente desqualificado.
Como vimos, não necessariamente, está se esquivando de enfrentar um desafio, apenas, poderá estar em dúvida quanto a sua capacidade de conduzir um processo educativo que exija mais embasamento e preparação.
Porque muitas vezes, precisamos construir o caminho por nós mesmos, não há um setor de apoio na escola, geralmente em escola públicas, nem mesmo o SOE (Serviço de Orientação e Supervisão) existe de fato, o que ocorre são funcionários que dividem a carga horária entre duas ou três escolas, ficando pouco tempo em cada uma delas.
Nem sempre a recusa caracteriza-se por negação, mas por uma série de fatores que acabam gerando uma expectativa prejudicial tanto no professor que receberá o aluno, como na família. A família, às vezes, espera encontrar naquela escola ou naquele profissional, o que sempre buscou. Alguém que atenda a demanda e que corresponda às expectativas tanto do aluno incluído, quanto as suas próprias.
Portanto, como dito anteriormente, antes das reflexões, é preciso ouvir os argumentos das partes envolvidas. Nem sempre a boa vontade é suficiente, ela é na verdade o primeiro passo, mas não atenderá todas as necessidades se não houver um aprimoramento e um conhecimento mínimo das dificuldades que serão enfrentadas, e das potencialidades que poderão e deverão ser exploradas.
Conforme dados da pesquisa feita com professores da rede pública do município de Viamão, que será anexada posteriormente através de gráfico dos resultados, grande parte dos profissionais, mesmo alguns, tendo freqüentado cursos de atualização, sentem-se amedrontados em receber alunos com NEE. Sentem-se despreparados, mas conscientes que não poderão negar-se de atendê-los, pois, como funcionários estariam desrespeitando uma legislação que ampara todos os sujeitos que apresentam NEE.
Não que isso seja uma desculpa para a resistência, mas funciona como imposição de um papel que nem todos estão preparados para exercer.
A inclusão de alunos com necessidades especiais tornou-se para alguns educadores um problema para a escola, que antes não tinha, porque antes eles estavam fora do ambiente escolar, passaram a ser visíveis, evidenciando não a inclusão, mas a passagem de um estado de negação para um estado de problematização.
Esse é um desafio que todos os professores devem se propor a enfrentar: o de considerar que a homogeneidade é ilusória, e que estas crianças deverão ser demandadas a partir do estágio em que se encontram sem que se funda o mito de que ‘’são todos iguais’’.
5. PESQUISA: REFLEXÕES SOBRE AS CONDIÇÕES ATUAIS DAS ESCOLAS REGULARES PÚBLICAS DE VIAMÃO/RS FRENTE O DESAFIO DA INCLUSÃO
Tendo como base tudo o que já foram expostos, os pontos ressaltados na pesquisa a seguir, são dados coletados em pesquisa feita em escolas regulares da rede pública do município de Viamão/RS, procurou-se além de conhecer a realidade das escolas, ouvirem a opinião dos participantes desse processo, professores e equipe diretiva, conhecerem as reais condições que estas oferecem aos alunos inclusos e qual suporte a mantenedora (SME do município) oferece em termos pedagógicos.
Temos a consciência das dificuldades de se fazer uma educação inclusiva de qualidade e que ofereça condições a todos os envolvidos. Tanto corpo docente quanto discente e pais, recursos pedagógicos e infra-estrutura adequada para receber de maneira satisfatória esses alunos que buscam participar de um processo que por direito também é deles, de forma efetiva, sistemática e com objetivos definidos.
5.1 METODOLOGIA
Durante os meses de setembro a novembro de 2009, realizou-se uma pesquisa qualitativa com aplicação de questionários e realização de observação com educadores e equipe diretiva de escolas da rede pública do município de Viamão/RS, com o intuito de constatar como ocorre efetivamente a inclusão de alunos com NEEs, como os professores estão sendo capacitados, como estes se sentem frente ao novo desafio e quais os recursos pedagógicos e físicos as escolas dispõem.
Foram distribuídas questionários entre alguns professores da rede estadual e municipal de Viamão. Muitos questionários não foram devolvidos, então, utilizamos além da observação de momentos em aula de alunos com NEE, e-mails que mandamos para algumas escolas. Assim como as entrevistas, alguns e-mails foram retornados outros não.
As respostas dos questionários serão comentadas nas reflexões sobre os resultados obtidos.
5.2 ANÁLISES DOS DADOS COLETADOS
Para que haja um melhor entendimento, achamos por bem apresentar os resultados da pesquisa em eixos, onde cada um deles trata de um foco em relação à temática apresentada.
O primeiro eixo da pesquisa denominou ‘’Escolas Inclusivas’’ trata das escolas que já vêem realizando a inclusão de alunos com NEEs nos últimos três anos. Nessa parte da pesquisa investigamos quantas escolas da rede já têm em seu quadro discente alunos com NEEs? Há quanto tempo essas escolas realizam esse trabalho? Como se sentem até o momento em relação ao processo de inclusão?
O segundo eixo da pesquisa denominado ‘’Suporte pedagógico’’, focamos como é o currículo nessas escolas? Como funciona a avaliação para os alunos NEEs? Que tipo de capacitação é oferecido aos educadores?
O terceiro eixo da pesquisa denominado ‘’Desafio de Educar’’ foca primeiramente a opinião dos professores sobre a situação atual da inclusão nas escolas. Qual a reação ao saberem que terá em sua turma um aluno com NEE? Qual apoio os educadores buscam quando tem alguma dificuldade? Como se sentem no papel de incluírem os alunos com NEEs?
5.2.1 EIXO 1: CONHECENDO A REALIDADE DAS ESCOLAS INCLUSIVAS DO MUNICÍPIO
Nesse primeiro eixo da pesquisa constatamos que das 104 escolas públicas do município, no qual são 73 municipais e 31 estaduais, apenas 20% das escolas não possuem alunos com NEEs, onde podemos destacar que se incluem nestas, as escolas de zona rural, indígenas e técnicas que por possuírem um número reduzido de alunos e situarem-se em lugares mais afastados não tem se registros de alunos incluídos.
Tendo como base as 88 escolas públicas do município que já participam do processo de inclusão, através do gráfico dois, podemos constatar que 25% das escolas inclusivas já fazem esse trabalho a pelo menos cinco anos, quando praticamente iniciou-se esse processo de adequação no município. Do mesmo modo 75% dessas escolas iniciaram a inclusão de alunos com NEEs a partir do ano de 2004. O que demonstra o crescimento da inclusão no município de forma considerável e efetiva.
No gráfico quatro chamamos a atenção a um fator tão importante e amplamente citado neste artigo. A importância de termos um currículo adaptado às necessidades dos alunos incluídos, que obedeçam a critérios onde estes, possam participar efetivamente do processo sem sentirem-se privilegiados ou prejudicados.
É imprescindível que se faça uma adequação dos planos de estudo anuais determinados para cada ano ou série, traçando objetivos e adequando a metodologia às capacidades reais de cada indivíduo incluso.
Como podemos observar no gráfico cinco a avaliação em 80% das escolas inclusivas possuem uma avaliação diferenciada, de acordo com as condições que cada aluno com NEEs possui. Os outros 20% admitem que possuem uma única avaliação, mas, que são respeitados os limites de cada um.
Para que a escola faça um trabalho de avaliação justo e eficaz, ela precisa adotar critérios de avaliação que levem em conta as individualidades e que não comparem o desenvolvimento de aluno especial com padrões pré-estabelecidos, mas apenas com seu próprio desempenho, pois cada progresso é mais uma vitória numa batalha que se iniciou no momento do nascimento, que para uma criança com NEE inserir-se num mundo cheio de desafios é como enfrentar um inimigo todos os dias, esse inimigo pode estar vestido de indiferença, de preconceito, de desconhecimento e tantas outras roupagens que fazem dele um desafio a serem vencidos todos os dias. No que se refere à avaliação, Vasconcellos (2003)6 faz o seguinte alerta: mudar o paradigma da avaliação não significa ficar em dúvida se “devo reprovar ou dar uma ’empurradinha’”, qualquer uma dessas posturas é cruelmente excludente, pois é preciso descobrir as condições de aprendizagem de cada aluno e, além disso, “não parar para atender ao aluno e suas necessidades é um autêntico suicídio pedagógico” (p. 54, 58, 77).
No entanto, o atendimento desses alunos em classe comum pode representar sua exclusão sempre que a avaliação, uma entre as variáveis que interferem no seu processo de escolarização, não for usada para promover a aprendizagem e partir das condições próprias de cada aluno (Hoffman, 2005).
Durante os meses de abril a setembro de 2008, a Prefeitura Municipal de Viamão juntamente com a PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul) e MEC (Ministério da Educação e Cultura), ofereceu a 100 professores da rede municipal, um curso de 120 horas/aula, as sextas à noite e sábados pela manhã, sobre Transtornos Evasivos do Desenvolvimento, do qual eu participei. Nesse curso, foram trabalhados assuntos como, processos neurológicos do conhecimento, síndromes, autismo, hiperatividade, estimulação precoce e também esclarecimento de dúvidas dos professores que possuíam alunos com NEE em sua turma.
Dos 100 professores da rede, cerca de 70 concluíram o curso. Algumas escolas não tiveram representantes, ou professores multiplicadores. Avalio o curso enquanto educadora como uma iniciativa válida de se dar um suporte aos educadores, mas como tudo o que é bom, poderia ter continuidade,
Aprofundamento, já que trata de um assunto amplamente discutido e cheio de amarras e questionamentos.
Temos a consciência que não existe uma receita de como fazer, mas, iniciativas como essa, são de extrema importância, pois abriu um leque de possibilidades, antes tão limitado, principalmente para mim, que paralelo a isso, freqüentava o curso de especialização em Psicopedagogia.
O gráfico seis foi feito com base no número total de escolas da rede estadual e municipal de Viamão, que somam o total de 104 escolas.
No gráfico sete a estatística foi feita sobre a quantidade de respostas positivas do gráfico seis.
5.2.3 EIXO 3: O DESAFIO DOS EDUCADORES FRENTE À INCLUSÃO
Segundo a pesquisa, 59% dos professores já são conscientes da possibilidade de terem inserido em sua classe, alunos com algum tipo de necessidade especial, seja ela orgânica ou permanente, foi o que também foi relatado nos questionários. Existe um amparo legal para a inclusão, e existem professores que se preocupam em fazer com que essa lei seja cumprida, e para isso, sabem da importância de aliar afetividade, conhecimento e comprometimento para que ocorra de verdade.
Dentre os entrevistados, existem cerca de 32% que sentem a inclusão como um desafio. Assim como é para o educando é também para o profissional que o recebe, pois, terá que dar conta de incluir esse sujeito, sem também excluir os demais. Dividir o foco de atenção e planejar-se de forma flexível para que contemple as duas ou três demandas de aprendizagem.
É claro que tudo o que é imposto, gera certa resistência, assim como falamos várias vezes, cada um tem sua particularidade. E cerca de 8% dos profissionais, demonstram alguma forma de resistência em atender uma turma multiforme. Também são conscientes da legislação e sabem que se determinado, terão de fazê-lo, mas enquanto não acontece, tentam de alguma forma esquivar-se desse novo desafio.
Tendo como base os gráficos nove e dez, cabe observarmos que a maior queixa por parte dos educadores é a falta de um assessoramento pedagógico que de conta de responder algumas dúvidas, encaminhar alguns casos especiais, ou até mesmo, trocar atividades ou idéias úteis à prática diária.
Dentre esses, 68% dizem buscar apoio, freqüentando cursos, assistindo palestras, adquirindo obras sobre os temas, pesquisando… A fim, de conhecer seu aluno especial na totalidade. O senso comum nos pinta uma realidade sobre certos problemas que nos bitolam, por isso, causa tanto temor. Quando se pesquisa, procuramos conhecer a fundo as características de cada caso, as informações nos dão segurança, não que isso vá responder a todas as perguntas, mas, poderá nos preparar para iniciar o processo de ensinar e aprender, mais organizado e norteando os caminhos a seguir.
6. CONSIDERAÇÕES GERAIS COM CITAÇÕES
“Temos o direito de sermos iguais sempre que a diferença nos inferiorize; e temos o direito de sermos diferentes sempre que a igualdade nos descaracterize.”
Boaventura Souza Santod, 2005.
Desde que o termo inclusão de pessoas com Necessidades Educativas Especiais, tornou-se tão presente em nossa prática enquanto educadores há uma extensa bibliografia referente ao assunto, mas em nenhum deles, encontremos todas as respostas.
É preciso que se procure primeiro, entender que inclusão não é apenas acesso à educação. Mas um processo onde um indivíduo com NEE, que culturalmente não faria parte deste meio encontre condições reais de desenvolvimento. Um dos grandes erros da nossa educação está na supervalorização das habilidades lingüísticas e lógico-matemáticas e consequentemente uma falta de conhecimento das diferentes áreas de altas habilidades.
Se um indivíduo não consegue aprender matemática, é taxado de incapaz, mesmo sendo ótimo aprendiz em outra área.
Uma escola que se preocupe realmente em incluir deve primar pelo desenvolvimento global do indivíduo com dificuldades na aprendizagem, desenvolvendo um trabalho que estimule a solidariedade e o espírito de equipe.
Incluir de maneira efetiva significa proporcionar estratégias que contemplem todos os envolvidos no processo, alunos ditos ‘’normais’’ e com NEE, a fim de que todos tenham espaço para o desenvolvimento de suas habilidades, dentro de suas limitações.
Desde a proclamação da Declaração da Salamanca (1994), que constituiu uma mudança nos paradigmas da Escola Integrativa para Escola Inclusiva, vem se tentando uma lenta caminhada, com muitos obstáculos, entre eles: o preconceito, a falta de recursos, a falta de preparação docente, falta de adequação dos currículos, erros conceituais, supervalorização da desvantagem…
A idéia de que simplesmente é um direito incluir um aluno com NEE, na escola regular, não significa que este estará incluído. Ser matriculado é apenas o primeiro passo, a seguir virão outros que dependerão tanto do indivíduo com NEE, como dos profissionais envolvidos e os colegas.
Incluir sem excluir, no processo ensino aprendizagem, significa contemplar a todos, sem excluir de nenhuma forma os elementos do processo.
Ter um aluno com NEE, em uma classe com 30 crianças dita “normais’, não significa que esta está incluída, ela pode estar meramente ‘‘inserida” ou integrada’’.
Que este artigo sirva para que pensemos em um futuro onde a inclusão seja tão natural, quanto é à entrada de todo cidadão em idade escolar, independente de suas limitações, raça, religião e nacionalidade.
Vivemos em um país onde se criam leis para tudo. Mas uma lei não tem o poder de acolher uma criança, de nada adiantarão as leis se não houver pessoas que se disponham a acolher as diferenças.
Esse enfrentamento com a realidade, com as dificuldades será difícil, desafiadora e diria até, de certa forma, desconfortável. Cabe a nós decidirmos qual posição tomar. Seja de meros expectadores ou de cidadãos conscientes e humanizados a ponto de estender a mão e compreender que ninguém está imune e que o mundo foi feito para todos.
3 COLL, César. Marchesi, Álvaro, Palácios, Jesús. (2004). Desenvolvimento Psicológico e Educação: Transtornos do desenvolvimento e necessidades educativas especiais. 2ª ed. Porto Alegre, RS: Artmed.
4 Dicionários : Aurélio de Língua portuguesa, Cegalla, Domingos Paschoal.
5 MALLUF, Maria. (2007). Inclusão escolar e Psicopedagogia. 3º Congresso internacional sobre dificuldades de aprendizagem e inclusão escolar. Realizado em Salvador, Bahia de 04 a 06 de maio de 2007. Disponível em: http://www.segmento-ba.com.br/eventos/ arquivos. Acesso em 25 set.2008.
6 Maiores informações consultar: VASCONCELOS, Celso dos Santos – Avaliação da Aprendizagem – Práticas de Mudanças: Por uma Práxis Transformadora, 7.ª edição, Libertad, São Paulo,2005.
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO, Rosita Edler. (2005). Educação Inclusiva: Com os pingos nos ‘is’. 3ª ed. Porto Alegre, RS: Mediação.
COLL, César. Marchesi, Álvaro, Palácios, Jesús. (2004). Desenvolvimento Psicológico e Educação:Transtornos do desenvolvimento e necessidades
educativas especiais.2ª ed.Porto Alegre, RS: Artmed.
HOFFMANN, Jussara – Avaliar para Promover: As Setas do Caminho- Mediação, Porto Alegre, 2005.
HOFFMANN, Jussara – O Jogo do Contrário em Avaliação- Mediação, Porto Alegre, 2005.
MALLUF, Maria. (2007). Inclusão escolar e Psicopedagogia. 3º Congresso internacional sobre dificuldades de aprendizagem e inclusão escolar. Realizado em Salvador, Bahia de 04 a 06 de maio de 2007. Disponível em: http://www.segmento-ba.com.br/eventos/ arquivos. Acesso em 25 set.2008
São Paulo (SP). Secretaria Municipal de Educação. Diretoria de Orientação Técnica – Referencial sobre avaliação da aprendizagem de alunos com necessidades educacionais especiais . Secretaria Municipal de Educação – São Paulo : SME / DOT, 2007.112p. : il.
STOBAUS, Claus Dieter, MOSQUERA, Juan José. (2004). Educação Especial: em direção à educação inclusiva. 2ª ed. Porto Alegre, RS: Edipucrs.
UNESCO. – Declaração de Montreal. Organização Mundial de Saúde, 2004.
______. – Declaração de Salamanca e Linhas de Ação para satisfazer Necessidades Educativas Especiais. Salamanca, Espanha, 1994.
VASCONCELOS, Celso dos Santos – Avaliação da Aprendizagem – Práticas de Mudanças: Por uma Práxis Transformadora, 7.ª edição, Libertad, São Paulo, 2005.
* Pedagog – Habilitada em Educação Infantil , Professora da rede municipal e estadual na cidade de Viamão/RS e Pós-Graduanda em Psicopedagogia Institucional pela Cesuca –Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha
Fonte: Revista O Professor