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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Cotidiano de Cadeirantes: Uma reflexão


Texto do Prof. Dr. Wiliam Machado
Como cadeirante há exatos 18 anos e maior de 60, causa-me surpresa o divulgado pela pesquisa desenvolvida por Jacob Veermant, da Universidade de Queensland, na Austrália, e publicada no “The British Journal of Sports Medicine”, segundo a qual cada hora que uma pessoa passa sentada depois dos 25 anos reduz sua expectativa de vida em 21 minutos, dez minutos a mais que fumar um cigarro. Curioso constatar que o pesquisador e médico Veermant, usou dados de 12 mil australianos coletados por um levantamento nacional sobre diabetes, obesidade e estilo de vida. Uma das questões mais importantes do questionário era: quantas horas de televisão você assiste por dia?
O objetivo da pesquisa de Veermant não era medir o tempo em frente à tela especificamente, e sim chegar a um número aproximado da quantidade de horas que a pessoa passava sentada. Com esses dados em mãos, os pesquisadores tentaram isolar o fator de risco trazido pela longa permanência sentado de outros hábitos pouco saudáveis como fumar e não se exercitar.
Definitivamente, não vejo menor pertinência na generalização dos achados dessa pesquisa e sua conseqüente relação com a inevitável posição sentado por longos períodos, que cadeirantes passam ao longo de suas vidas, ousando supor que, por essa razão, suas vidas seriam reduzidas em tantas horas, dias, anos. Evidente que temos que ficar atentos com nossas respostas físico-funcionais, emocionais, espirituais e sociais, decorrentes do manter-se sentado por falta de opção, as quais devemos prestar atenção e procurar suprir como necessidades fundamentais, a exemplo do alongamento diário com ou sem ajuda profissional, preservação da integridade cutânea e mucosas, ingesta equilibrada de volume líquido, refeições balanceadas em horários regulares, além de rigor no controle das dimensões orgânicas e psicológicas através de consultas e avaliações periódicas com profissionais de saúde.
Com efeito, temos consciência que o corpo humano simplesmente não foi projetado para passar tanto tempo sentado. Porém, não se pode perder de vista que esse mesmo corpo que tem de permanecer sentado por limitações impostas por seqüelas neurológicas graves, também dispõe de cérebro, na maioria dos casos, ativo e saudável para perceber e recompensar o que lhe falta como necessidade fundamental. Quando desprovidos de cérebros ativos, como de pessoas com paralisia cerebral, seus cuidadores, frequentemente incansáveis mães, se encarregam de suprir essas demandas com amor e doação incondicional.
No mais, é vida que segue no sentido de busca do melhor ponto de equilíbrio, independente da efêmera performance corporal do momento. O mais importante é a consciência de que todos estamos apenas de passagem nesses corpos, rumo ao eterno presente.
Fonte: Rede SACI

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