Guanes cursa Jornalismo na instituição, e vai de ônibus todos os dias para a faculdade. “Geralmente vários alunos descem junto comigo, e eles me ajudam. Mas, neste dia, precisei ir mais cedo para entregar uns documentos, e desci sozinho. Foi um susto muito grande, porque senti que comecei a sangrar”, conta.
Apesar do susto, Guanes conta que se deparar com uma placa no meio do piso tátil não foi exatamente uma surpresa. Ele cita inúmeros locais onde a deficiência no planejamento da acessibilidade dificultam a adaptação e locomoção dos deficientes.
Cego há sete anos, depois de um descolamento de retina, Guanes também frequenta o Instituto dos Cegos em Campo Grande, na rua 25 de dezembro, quase esquina com a avenida Afonso Pena.
Por ser próxima do instituto, muitos deficientes visuais circulam pela região, que há três anos conta com obras de adequação para acessibilidade, mas em uma volta pelo local, é possível perceber uma série de erros de planejamento: degraus, que são verdadeiras armadilhas e atrapalham que os deficientes visuais acionem o semáforo sonoro, e mais pisos táteis que apontam direto para postes ou bueiros.
“Para nós, não adianta nada, porque precisamos ouvir o barulho”, explica Guanes. “Não adianta colocar só perto do instituto. Até parece que nós só circulamos por lá”, acrescenta.
Normas técnicas
A colocação do piso tátil nas calçadas fica a cargo dos proprietários, e a legislação municipal não conta com especificações sobre a acessibilidade, por isso, quem constrói deve seguir a norma 9050, da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Em locais de grande circulação, como órgãos públicos, bancos e instituições de ensino, as obras de acessibilidade podem ficar a cargo da prefeitura.
Posteriormente, a fiscalização das calçadas é feita pela Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano). Fiscais só vão até o local mediante denúncias da população, por meio da ouvidoria da pasta.

Fonte: Zana Zaidan, MidiaMaxNews
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