Por Mariana Dias

Manifestação de surdos em SP (Foto: Vagner Magalhães/ Terra)
As mãos que seguravam os cartazes com as principais reivindicações – acessibilidade e escolas bilíngues – eram também as responsáveis por indicar o caminho que deveria ser seguido pela passeata. Gestos ágeis, quase eufóricos, eram constantes para que ninguém se dispersasse.
“Não à corrupção”, “Não à PEC 37″, “Fora, Feliciano” e outras reivindicações que apareceram nas manifestações das últimas semanas pelo país não figuravam entre os anseios do grupo. Em silêncio, os surdos pediam respeito.
A dificuldade de comunicação está no cotidiano, desde as escolas e faculdades, que não estão preparadas para recebê-los, até hospitais e delegacais. Quando procuram ajuda, os surdos não são compreendidos.
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- Ninguém, ou quase ninguém, entende a língua de sinais -, afirmou Lígia, estudante de Libras e colaboradora do movimento. A única não-surda entre os participantes da caminhada foi quem ajudou a reportagem de Terra Magazine como intérprete.
Vez ou outra, batiam palmas, soltavam gritos com sonoridade abafada, erguiam os dois braços… Em frente.
Às 19h30, Sandro, um dos líderes do movimento, gesticulou com as mãos para o alto, pedindo a atenção de todos. Virou-se para Lígia e apontou para a reportagem:
- Não gostamos de ser chamados de surdos-mudos – disse, com centenas de observadores assentindo – Não somos mudos e estamos aqui justamente para mostrar que temos voz.
Sandro gesticulou mais uma vez. Em resposta, gritos, urros, palmas. Foram quase dois minutos sem interrupções.
- Viu só? Essa é a nossa voz.
Fonte: Portal Terra
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